FISESP – FEDERAÇÃO ISRAELITA DO ESTADO DE SÃO PAULO

SÃO PAULO | São Paulo
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HISTÓRIA DA COMUNIDADE JUDAICA DE SÃO PAULO

A imigração de judeus para São Paulo começou no final do século 19, mas foi a partir da década de 1910 que teve início a formação de uma comunidade judaica organizada, com imigrantes oriundos principalmente da Europa Oriental (Rússia, Polônia, Romênia, Lituânia e outros) e, pouco depois, do Líbano e da Síria.

O contexto paulista de intenso crescimento urbano e econômico dos primeiros anos do século 20 e o ambiente de uma cidade cosmopolita, culturalmente aberta e receptiva e com uma população significativa de imigrantes atraíram a imigração judaica. Restrições imigratórias nos Estados Unidos, Canadá e Argentina tornaram o Brasil, particularmente São Paulo, um destino preferencial destes imigrantes.

As primeiras entidades fundadas na capital foram: Sinagoga Kahalat Israel (1912), Sociedade Beneficente das Damas Israelitas (1915), Sociedade Beneficente Ezra (1916), movimento sionista Ahavat Zion (1916), Sinagoga Knesset Israel (1916), Gymnasio Hebraico-Brasileiro Renascença (1922), Sociedade Cemitério Israelita (1920), organização feminina sionista Wizo (Women`s International Zionist Organization – 1926), Clube Macabi (1927), Sociedade Cooperativa de Crédito Popular do Bom Retiro (1928) e Policlínica Linath Hatzedek (1929). A imigração sefaradi (mizrahi???) do Líbano e da Síria deu-se nos anos 1920, com a fundação da Comunidade Israelita Sefaradi (1924) e o estabelecimento de duas sinagogas no bairro da Mooca. (Valeria a pena fazer menção à sinagoga Beth-El que virou museu?)

Na década de 1920, portanto, os judeus em São Paulo mantinham uma rede de instituições sociais, culturais, religiosas e assistenciais que moldaram a formação de uma comunidade judaico-brasileira e definiram a inserção dos judeus na cidade e no Estado de São Paulo. A partir da chegada a São Paulo de imigrantes refugiados do nazismo, em 1936, foi fundada a Congregação Israelita Paulista (CIP) e um Lar das Crianças. A CIP chegou a ter 2.000 famílias de sócios. Entre as várias entidades fundadas neste período estão: B´nai Brith (1931), Ginásio Talmud Torá (1932), Sanatório Ezra para doentes com tuberculose (1936, em São José dos Campos), Organização Feminina de Assistência Social (Ofidas, 1940) e Asylo dos Velhos (1941, atual Residencial Israelita Albert Einstein – Lar Golda Meir).

No interior do Estado de São Paulo, comunidades foram estabelecidas em várias cidades: Santos, São Caetano, Santo André, São José dos Campos, Mogi das Cruzes, Sorocaba, Jundiaí, Campinas, Ribeirão Preto, Franca, especialmente em torno do comércio no eixo das ferrovias que serviam à economia do café. Em dezenas de outras cidades, existiram núcleos formados por algumas pequenas famílias. A população judaica de São Paulo atingiu mais de 20 mil pessoas no ano de 1940.

Movimentos juvenis sionistas foram fundados a partir dos anos 30 e 40, como HaShomer Hatzair, Gordonia, Ichud, Dror, Bnei Hakiva, Netzach, Betar, Chazit Hanoar e também o Grupo Escoteiro e Bandeirante Avanhandava. Imigrantes judeus continuaram a chegar mesmo durante a guerra e o fluxo continuou após 1945, com programas específicos para receber os refugiados e sobreviventes do Holocausto. No pós-guerra, foi estabelecida a Organização Sionista em São Paulo e, em 1946, fundada a Federação Israelita do Estado de São Paulo, resultado de campanhas em prol da recepção aos refugiados judeus durante e após a Segunda Guerra Mundial, que permitiram a vinda ao País de muitos sobreviventes do Holocausto.

Em 1940, começaram as transmissões no rádio do programa “Mosaico”. Em 1960 o programa estreou na televisão. É o mais antigo programa ininterruptamente no ar da televisão brasileira. A comunidade judaica manteve uma imprensa significativa, também em iídiche, nas primeiras décadas. Em 1954, foi fundado o Instituto Cultural Israelita Brasileiro (Icib, a Casa do Povo). Junto com o Teatro de Arte Israelita Brasileiro (Taib) e a Escola Scholem Aleichem, representavam os judeus de esquerda, muitos dos quais ligados ao Partido Comunista, que cultivavam a cultura e a língua iídiche. Na década de 50, a comunidade recebeu imigrantes da Hungria e também dos países árabes, entre eles o Egito.

Outras entidades comunitárias importantes são: Naamat Pioneiras (1948), A Hebraica (1954), Centro Israelita de Assistência ao Menor (Ciam, 1959), Casa de Cultura de Israel (1964), Hospital Israelita Albert Einstein (1971), Arquivo Histórico Judaico Brasileiro (1976) e Unibes (1976 – a partir da fusão de Ezra, Policlínica e Ofidas), mais importante entidade assistencial da comunidade judaica em São Paulo. Também existe um Centro de Estudos Judaicos na Universidade de São Paulo, onde funciona um curso de graduação em Língua e Literatura Hebraica, com programas de mestrado e doutorado.

O texto acima é do historiador Roney Cytrynowicz.

BIBLIOGRAFIA:

-Cytrynowicz, Roney. Unibes 85 anos. Uma história do trabalho assistencial na comunidade judaica em São Paulo. São Paulo, Narrativa Um, 2000.
-Cytrynowicz, Roney e Cytrynowicz, Monica Musatti. A Congregação Israelita dos Pequenos. História do Lar das Crianças da Congregação Israelita Paulista – 65 anos. São Paulo, Narrativa Um, 2002.
-Falbel, Nachman Estudos sobre a comunidade judaica no Brasil. São Paulo, Federação Israelita do Estado de São Paulo, 1984.
-Hirschberg, Alice Irene. Desafio e Reposta. A História da Congregação Israelita Paulista. S.P., CIP, 1976;
-Lesser, Jeffrey H. Welcoming the Undiserables: Brazil and the Jewish Question. University of California Press, 1995.
-Rattner, Henrique Rattner. Tradição e Ruptura (A comunidade judaica em São Paulo). São Paulo, Ática, 1977.
Wolf, Egon e Frieda. Guia Histórico da Comunidade Judaica de São Paulo. São Paulo, B´nai B´rith, 1988.

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