“Participar da atividade comunitária é um caminho que os jovens judeus devem buscar, porque, apesar dos muitos desafios, é gratificante”, diz presidente do Centro Israelita do Pará - Fundada em 1948, a CONIB – Confederação Israelita do Brasil é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica brasileira.

“Participar da atividade comunitária é um caminho que os jovens judeus devem buscar, porque, apesar dos muitos desafios, é gratificante”, diz presidente do Centro Israelita do Pará

Formado em engenharia civil, o presidente do Centro Israelita do Pará, Jayme Bentes, fala à CONIB sobre os desafios na vida comunitária, o aprendizado que adquiriu na função de liderança e as conquistas alcançadas com a convivência próxima com autoridades e líderes políticos, como a recente criação do Dia Municipal da Comunidade Judaica, uma iniciativa do vereador Mauro Freitas. “Participar da atividade comunitária é um caminho que os jovens judeus devem buscar, porque, apesar dos muitos desafios, é gratificante”, diz ele.

Origem

Sou de origem sefaradita marroquina, como a maioria dos judeus que emigraram para o norte do Brasil. Nasci aqui em Belém, me formei em engenharia civil, com mestrado na área de construção civil. Trabalho em construtora própria, sou casado, tenho dois filhos. Tenho como origem a família Bentes, pelo lado paterno, e Serruya pelo lado materno. Ambas as famílias vieram de Tânger, no Marrocos.

Vida comunitária

Desde criança frequento as sinagogas de Belém. Meus pais e meus avós foram atuantes na vida comunitária e meu pai foi presidente por 11 anos do Centro Israelita do Pará e por três vezes da sinagoga Eshel Abraham. Tive a oportunidade de estudar em escola judaica, o que despertou em mim esse sentimento comunitário e me deu a base para que eu pudesse seguir esse caminho. Na adolescência frequentei o grupo juvenil Kadima e depois eu e outros jovens judeus fundamos um grupo universitário, o Nahan. Em 2007, aos 28 anos, com o apoio de Iana Barcessat Pinto, entrei na disputa pela presidência do Centro Israelita do Pará. Iana incentivou muito a participação de jovens na vida comunitária. E em 2007 entrei como vice-presidente do CIP e desde então estou atuando, ora como presidente, vice-presidente e diretor do Centro Israelita. Em 2011 assumi pela primeira vez a presidência do CIP e essa gestão foi até 2014. A partir desse ano até 2018 atuei como vice e de 2019 até este ano de 2023 estou na presidência. Em agosto encerra esse meu quarto mandato no CIP.

Desafios e conquistas

Aprendi muito na vida comunitária. E esse aprendizado eu pude levar, inclusive, para a minha vida profissional. Eu diria até que trabalhar para a comunidade foi uma grande escola. Aprendi tanto na área administrativa, como na relação com as pessoas e na tomada de decisões. Logo que ingressei no CIP, os primeiros desafios foram financeiros. Depois tive que administrar alguns conflitos entre instituições. Mas conseguimos superar esses desafios e hoje o CIP é uma instituição fortalecida financeiramente e administrativamente. E esse processo foi de grande aprendizado para mim.

Antissemitismo e comunidade

Calculo em cerca de 700 a 800 pessoas o número de judeus no Pará. A maior parte está concentrada na capital, Belém, mas também há algumas famílias em Santarém, Óbidos, Breves e Gurupá, cidades onde há muitos descendentes de judeus. Aqui, temos um bom relacionamento com autoridades governamentais. Costumamos realizar encontros frequentes com o prefeito e, mais esporadicamente, com o governador. Esses encontros são mais frequentes durante o Rosh Hashaná e Yom Kipur, quando temos a oportunidade de explicar mais sobre essas festas. Em Pessach deste ano tive encontro com a reitoria da Universidade Federal do Pará, cujo reitor é judeu. Na ocasião, tive a oportunidade de conversar sobre a organização de palestras na universidade para ajudar a combater o antissemitismo, pois sabemos que é forte o sentimento anti-Israel nas universidades, especialmente em períodos de conflito entre Israel e palestinos. Mas esse sentimento está restrito às universidades, embora já tenhamos tido algumas passeatas pró-palestinos no centro de Belém.

Com as autoridades governamentais temos um bom relacionamento. Recentemente foi criado junto à Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Mauro Freitas, o Dia Municipal da Comunidade Judaica. Acredito que seja fruto de um trabalho que realizamos, de estar sempre em contato autoridades e deputados federais e estaduais.

Mensagem aos jovens

É importante estar próximo e em constante contato com os mais experientes. Esse trabalho comunitário é um presente e temos que valorizá-lo. Esse trabalho nos dá oportunidades e um aprendizado que nos acrescenta muito na vida pessoal e em nossas profissões. Aprendemos a administrar recursos, gerenciar conflitos. É um caminho que os jovens judeus devem buscar, porque, apesar dos muitos desafios, é gratificante.


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