02.10.23 | Mundo
“Polônia preserva memórias do Holocausto além dos campos de concentração”
Matéria de Daigo Oliva, na Folha de S.Paulo, recorda histórias de dor e crueldade no maior símbolo do Holocausto, o campo de concentração de Auschwitz na Polônia ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra, e mostra o empenho de museus para documentar a história da comunidade judaica no país.
O jornalista, que visitou o local a convite do Memorial do Holocausto de São Paulo com apoio do governo da Polônia, conta como o Instituto Histórico Judaico, em Varsóvia, reuniu documentos, como o Arquivo Ringelblum, batizado em homenagem ao historiador que coletou clandestinamente, junto ao grupo que criou, o Oneg Shabbat, testemunhos do Gueto de Varsóvia. Entre a segunda metade de 1940 e o começo de 1942, Emanuel Ringelblum e seus parceiros silenciosamente teceram uma crônica do que acontecia no bairro judeu isolado pelos nazistas que chegou a abrigar 400 mil pessoas em pouco mais de 3 km².
Mesmo sob a repressão imposta pela Alemanha durante a Segunda Guerra, o grupo conseguiu coletar 35 mil páginas de diferentes tipos de documentos, de anúncios feitos pelos invasores a cartazes de peças de teatro — uma das formas de resistência no gueto era manter a vida cultural, ainda que de forma subterrânea. Também foram conservados desenhos, poemas, cópias das listas de moradores nos superlotados apartamentos do bairro murado e até cardápios de cabarés clandestinos.