09.10.23 | Mundo
“Não haverá paz enquanto o Hamas existir”
Editorial do jornal O Estado de S.Paulo, sob o título acima, destaca que o ataque terrorista a Israel busca sabotar o diálogo entre árabes e israelenses, que não interessa ao Irã, patrocinador da barbárie, e defende que é hora “é de intensificar a diplomacia para isolar os radicais”. Diz o texto:
“É dificilmente coincidência que o ataque tenha sido lançado no dia seguinte aos 50 anos da Guerra do Yom Kipur, quando Egito e Síria lançaram uma ofensiva surpresa. À época, como agora, as forças árabes atacaram covardemente em um feriado religioso e houve uma falha massiva da inteligência. Nunca como naquele outubro de 1973, Israel esteve tão perto de ser varrido do mapa. Não há esse risco agora. O Hamas não tem esse poder. Mas, se em 1973 os ataques atingiram áreas ocupadas por Israel, o atual aconteceu dentro de seu território e foi o mais sangrento desde a sua fundação, em 1948.O objetivo foi disseminar o terror e sequestrar civis para usá-los como escudos humanos e forçar sua troca por terroristas presos. Além disso, o Hamas almeja descarrilar as negociações entre Israel e países árabes, como a Arábia Saudita, em vista de uma normalização diplomática que teria como efeito fortalecer a dissuasão da teocracia xiita do Irã.
O conflito impõe escolhas difíceis também aos aliados de Israel. Se seguir o seu padrão, a Casa Branca garantirá alguns dias de retaliação massiva, e depois manobrará para que o governo israelense recue. Mas a covardia e a truculência do ataque do Hamas são sem precedentes, e Israel tem direito a uma ação sem precedentes para neutralizar o Hamas e eliminar riscos imediatos ao seu povo.
O assalto é ainda um lembrete ao mundo dos riscos da complacência com o Irã e também das ameaças às nações democráticas. A comunidade internacional não pode se furtar a esforços para desescalar o conflito e intermediar uma estabilização regional. Isso implica pressionar o Líbano a controlar o Hezbollah e intensificar as tratativas entre israelenses e árabes, sobretudo a Arábia Saudita.
Os palestinos têm direito a um país, e a solução de dois Estados ainda é o caminho para uma paz duradoura. Mas, enquanto o Hamas existir, essa paz sempre estará ameaçada”.