27.11.23 | Mundo
“Trégua em Gaza traz alívio, mas não deve iludir”
Editorial de O Globo deste sábado (25) elogia a trégua no conflito Israel-Hamas e a libertação de alguns dos reféns mantidos em Gaza, mas alerta para os riscos de o grupo terrorista usar a pausa para se reorganizar e se armar para novos ataques.
“O acordo é o primeiro alívio no conflito que se estende há 50 dias sem perspectiva de acabar. Além do sopro de esperança às famílias dos reféns, traz um respiro que permitirá o acesso de comboios humanitários para atender às carências urgentes da população numa Gaza devastada. Mas é preciso não criar ilusões sobre seu alcance. Para o Hamas, apesar das declarações em contrário, traduz uma primeira derrota. Para Israel, traz riscos enormes.
Israel relutou em aceitar a trégua. Acabou concordando por atribuir valor maior à vida dos reféns que a seu objetivo militar. A pausa dá aos terroristas a chance de se reorganizar, preparar armamentos, ocupar posições e usar a população civil em benefício de sua defesa”.
“Sem abrir mão de seus objetivos militares, Israel precisa encontrar meios eficazes de garantir a vida e a libertação dos demais reféns ainda em poder dos terroristas e, ao mesmo tempo, a entrada de alimentos, remédios e assistência, além de restabelecer o suprimento de água e energia para aliviar a fome e o desespero da população civil de Gaza. Um dilema para o qual não se vislumbra solução. Por ora, os tiros cessaram, há ajuda humanitária para os civis de Gaza e reféns celebrando a vida com suas famílias em Israel. Que possa haver mais. Mas a guerra está longe do fim”.