04.12.23 | Mundo
Milei nomeia para a Procuradoria-Geral ex-juiz que integrou grupo neonazista a participou de ataque a sinagoga
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, designou para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional o jurista Rodolfo Barra, que no passado integrou um grupo neonazista e chegou a participar de um ataque a uma sinagoga, segundo noticiou O Globo.
O anúncio da nomeação foi feito quatro dias depois de Milei ter visitado em Nova York o túmulo do rabino Menachem Mendel Schneerson, mais conhecido como "o Rebe de Lubavitch", considerado um local sagrado para o judaísmo. Mesmo não sendo judeu Milei manifestou interesse no estudo do Torá, livro sagrado do judaísmo, e disse que visitaria Israel antes da sua posse, em 10 de dezembro.
Rodolfo Barra foi juiz do Supremo Tribunal e Ministro da Justiça durante vários anos no governo de Carlos Menem (1989-1999). Foi responsável por assessorar o plano de privatização de empresas na década de 1990. Seu período como ministro foi marcado por controvérsias, como a autoria da chamada "Lei da Mordaça", projeto de lei que buscava cercear a imprensa.
Em 1996 ele renunciou ao cargo de ministro após a imprensa revelar que, durante a juventude, ele participou do Movimento Nacionalista Tacuara — grupo neonazista do país envolvido no ataque a uma sinagoga. Imagens da época mostraram Rodolfo Barra fazendo a saudação nazista. Na ocasião, o jurista declarou: "Se fui nazista, me arrependo".
O Fórum Argentino Contra o Antissemitismo (Faca) condenou a nomeação de Barra classificando-a como “uma afronta direta ao espírito democrático e plural” da Argentina. Ativistas políticos de esquerda também se manifestaram contra.
Rodolfo Barra assumirá o comando do órgão responsável por prestar assessoria jurídica ao Estado e defender a Argentina em julgamentos envolvendo o Tesouro. A expectativa é que ele dê respaldo legal às reformas econômicas que Milei pretende implementar.