20.02.24 | Mundo
Imprensa nacional e internacional dá destaque à crise diplomática
Líderes mundiais evitaram comentar a crise diplomática entre Brasil e Israel, como consequência das declarações do presidente Lula, comparando a guerra em Gaza ao Holocausto nazista. Mas a imprensa nacional e internacional deu amplo destaque aos fatos.
O Jornal Nacional, em sua edição desta segunda-feira (19), citou declarações do presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Marcos Knobel, e do diretor jurídico da instituição, Daniel Kignel, que afirmaram: “Há vergonhas que são insuperáveis, como, por exemplo, ser a única nação do planeta a ser exaltada por um grupo terrorista, em manifestação oficial, por conta de uma fala de seu presidente”.
O JN também exibiu entrevista com o ex-embaixador nos Estados Unidos, na Itália e nas Nações Unidas Rubens Ricúpero, em que ele afirma que a fala de Lula fere a tradição diplomática brasileira de neutralidade e diálogo. “Não é só uma questão pessoal, ele compromete a própria posição do Brasil. Você vê, esse ano, ele vai presidir o grupo dos 20, que é a mais importante reunião das maiores economias aqui no Brasil. Para isso, ele precisa se cercar do respeito, e o respeito se adquire como? Com serenidade, com equilíbrio, que é a marca da diplomacia brasileira. Há uma maneira fácil de corrigir, que é pedir desculpas e procurar, no futuro, ter cuidado, procurar ser equilibrado. Porque, afinal de contas, nós queremos que esse problema encontre uma solução pacífica. E, cedo ou tarde, a única solução é que haja uma paz entre Israel e os seus vizinhos”, afirma.
Segundo o jornal The New York Times, o brasileiro "atraiu a ira das autoridades israelenses no domingo" com a declaração feita em Addis Ababa. "A declaração de Lula indignou as autoridades israelenses. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse em comunicado nas redes sociais em hebraico que os comentários eram 'vergonhosos e flagrantes'", destacou a publicação americana.
As publicações mais duras em relação à fala do presidente Lula vieram da imprensa de Israel. Em um podcast do jornal Times of Israel, o correspondente de assuntos diplomáticos Lazar Berman disse que a fala de Lula foi "ignorante, na melhor das hipóteses". Depois, em um texto no mesmo veículo, Berman reportou que um funcionário do governo israelense teria dito a ele que, após a reprimenda pública no Museu do Holocausto em Tel Aviv, o embaixador brasileiro Frederico Meyer "pareceu ter internalizado a mensagem", segundo noticiou a Folha de S.Paulo.
O jornal Times of Israel repercutiu a fala de Lula e publicou a nota da CONIB e declarações de líderes da comunidade judaica brasileira, de acordo com matéria de Gabriel Toueg.
Claudio Lottenberg, presidente da CONIB, disse ao The Times of Israel que a instituição “tem tentado estabelecer um diálogo construtivo com vários membros do governo brasileiro à luz das posturas desequilibradas que tem adotado em relação ao conflito”.