09.04.24 | Mundo
Lesões cerebrais em soltados israelenses podem ter consequências devastadoras, afirma especialista
Em entrevista ao Times of Israel publicada na segunda-feira (08), a Dra. Rachel C. Gardner, diretora de pesquisa clínica no Centro Joseph Sagol de Neurociência do Centro Médico Sheba, detalha as possíveis impactos de uma sequela invisível que pode assolar os soldados israelenses: lesões cerebrais traumáticas (TBI, da sigla em inglês), também conhecidas como concussões, podem ter consequências neuropsiquiátricas graves.
A correlação entre as concussões e as sequelas neurológicas começou a ser estudada nos Estados Unidos após a Guerra ao Terror no início dos anos 2000. De acordo com a reportagem, estudos apontam que mais de 400.000 membros do exército americano foram diagnosticados com TBI entre 2000 e 2019. Gardner, que vive em Israel e realizou trabalhos em neurociência no contexto estadunidense, se preocupa com o grande número de lesões cerebrais consequentes da guerra contra o Hamas em Gaza, principalmente as lesões invisíveis a olho nu.
“A primeira coisa que fizemos foi recorrer a todas as melhores ferramentas de rastreio de TBI existentes – especialmente para explosões de alto e baixo nível – e criar a nossa própria ferramenta validada em hebraico para utilizar com os soldados nas nossas unidades de reabilitação”, conta a pesquisadora, que também realizou entrevistas para validar o diagnóstico clínico. Gardner também providenciou que um exame de sangue específico para detecção de lesões cerebrais fosse importado para Israel, apoiando os médicos na identificação rápida dos casos. O diagnóstico eficaz previne o desenvolvimento de outras doenças, como o transtorno de estresse pós-traumático.
“A chave é educar os soldados – e todos os demais – sobre como lidar com os sintomas. Ressaltamos que não há motivos para sofrer com os sintomas e que o paciente deve consultar o médico, pois existem formas de lidar com eles de forma eficaz. [...] Não temos uma pílula mágica para curar lesões cerebrais. A coisa mais importante que podemos fazer agora é diagnosticar, educar e ajudar as pessoas a otimizar a sua própria recuperação”, afirma a especialista.