25.06.24 | Mundo

Com o antissemitismo em alta, judeus franceses enfrentam o dilema do voto entre a extrema esquerda e a extrema direita

Matéria de Sandra Cohen, no G1, destaca o dilema da comunidade judaica francesa – a maior da Europa, com 500 mil pessoas - sobre em quem votar nas eleições legislativas dos próximos domingos, já que tanto a extrema direita como a extrema esquerda estão marcadas por declarações e posturas antissemitas de alguns de seus líderes.

A extrema direita, representada pelo Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, tem raízes calcadas na xenofobia, no populismo e no ódio aos judeus. A extrema esquerda, reunida na França Insubmissa, de Jean-Luc Melénchon, aponta Israel como único responsável pela guerra em Gaza, vê o Hamas como um movimento de resistência legítimo e defende o boicote e as sanções ao país.

É o caso do prestigiado historiador Serge Klarsfeld, sobrevivente e estudioso do Holocausto, conhecido também como caçador de nazistas, que defendeu o partido de Le Pen. O mesmo Klarsfeld, que em 2022, proclamou “Não a Le Pen, filha do racismo e do antissemitismo” num artigo publicado no jornal "Libération", agora, aos 88 anos, considera que o partido RN amadureceu:

O fundador da Frente Nacional, que antecedeu o RN, Jean Marie Le Pen, foi condenado pelo discurso antissemita e minimizou a existência do Holocausto, até ser expulso do partido pela filha Marine. Ela lustrou e suavizou a imagem da legenda, além de mudar o seu nome. Nas duas últimas eleições, Marine Le Pen ficou em segundo lugar, atrás de Macron.

Após o massacre do Hamas em solo israelense, em outubro passado, Le Pen filha participou de uma marcha gigantesca em Paris contra o antissemitismo e passou a cortejar os eleitores judeus. A comunidade judaica, no entanto, encara o aceno da extrema direita com cautela.

Yonathan Arfi, presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas Francesas (CRIF), reconheceu que “a situação dos judeus franceses neste momento é muito, muito difícil”. Mesmo que alguns às vezes pensem que são atraídos pela extrema direita como resposta ao antissemitismo, a maioria dos judeus pensa que esta também é uma ameaça real”, disse Arfi, em entrevista a uma rádio, de acordo com a matéria.

Os atos antissemitas quadruplicaram na França no ano passado: 1.676 agressões foram registradas no país, contra 436 em 2022. A explosão de casos de incitação ao ódio e discriminação aos judeus se concentrou no último trimestre do ano, depois do ataque terrorista do Hamas em Israel, em 7 de outubro, e o início da guerra na Faixa de Gaza. Os dados fazem parte de um relatório divulgado pelo CRIF.


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