03.07.24 | Mundo

“Não a todo o extremo”

Em artigo publicado no Correio Braziliense nesta quarta-feira (3) o jornalista Rodrigo Craveiro comenta a provável vitória, no próximo domingo, da extrema direita no segundo turno das eleições legislativas na França e adverte: “A extrema-direita é guiada pelo preconceito e pela falsa noção de que minorias precisam ser esmagadas”. “O ‘extremo’ da extrema-direita, o regime nazista de Adolf Hitler, perseguiu; discriminou; disseminou a miséria; segregou aqueles que não se encaixavam à pretensa raça ariana e os confinou em guetos; exterminou milhões de judeus. É inconcebível que, oito décadas depois do Holocausto, partidos políticos se inspirem nas ideias de Hitler e grupos de nacionalistas cultuem o neonazismo como regra de vida”. Diz o texto:

“No próximo domingo, a França — erigida pela tríade "liberdade, igualdade e fraternidade" — correrá o grande risco de conceder ao ultraconservador Reagrupamento (ou Reunião) Nacional, de Marine Le Pen, a vitória no segundo turno das eleições legislativas e a consequente concentração de poder na Assembleia Nacional, caso o partido obtenha maioria absoluta. Seria o primeiro partido de extrema-direita a chegar ao comando da França em oito décadas. Um convite à perseguição aos imigrantes, aos muçulmanos e às minorias étnicas. A destruição de tudo o que é mais valioso na democracia e na política do bem-estar social. 

A leste, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) saiu fortalecido depois das eleições do Parlamento Europeu. Seus políticos chegaram a participar de reuniões secretas com neonazistas, nas quais debateram a deportação em massa de imigrantes, mas também de cidadãos alemães.  A AfD é acusada de tentar redefinir a composição étnica da Alemanha, nos moldes do que Hitler fez com a chamada raça ariana. Sua ideologia compreende tudo o que há de mais execrável e absurdo. Nos Estados Unidos, as incertezas a respeito da lucidez de Joe Biden e o péssimo desempenho do democrata no debate da semana passada escancaram as portas da Casa Branca para o retorno de Donald Trump. A volta do magnata republicano machista, misógino, racista, chauvinista e egocêntrico seria uma faca no pescoço do Tio Sam e de tudo o que representa: a chamada terra das liberdades.

Tudo o que é extremo também é nocivo. É inconcebível que democracias consolidadas flertem com o radicalismo e com o ultraconservadorismo. Apoiar a extrema-direita é ignorar avanços sociais, retroceder no tempo, ser cúmplice das mortes dos menos favorecidos. No Brasil, ela conta com o reforço de igrejas neopentecostais que pretendem impor à nação seus credos ou que fazem questão de trocar a Constituição pela Bíblia, ignorando o caráter laico do Estado e forjando uma teocracia. Também com a figura construída em fake news de um quase líder messiânico, o qual acreditavam que conduziria o país à salvação. Em qualquer lugar, a extrema-direita tem, em comum, o apreço pelas fake news e uma cartilha de linguagem do ódio”.


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