18.07.24 | Mundo
Diário de jovem judeu morto no Holocausto relata a vida cruel em gueto
Matéria de Joseph Berger, do New York Times, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, destaca o resgate do diário de um jovem judeu que traz o relato cruel sobre a vida em gueto no Holocausto.
O jovem Yitskhok Rudashevski foi morto em 1943 por tropas de extermínio nazistas. Antes disso, ele registrou a dor e a resiliência de 55 mil judeus enviados a guetos em Vilnius, na Lituânia. O diário foi resgatado por museu virtual e pode ser acessado no Brasil gratuitamente (em inglês)
Embora não tenha tido o impacto do diário clássico de Anne Frank, o diário de outro adolescente da Segunda Guerra Mundial traz um importante relato sobre a situação vívida em um gueto judeu e as formas que muitos encontraram para resistir.
Em junho de 1941, aos 13 anos, Yitskhok começou a registrar a vida cotidiana em Vilnius, Lituânia (Vilna no idioma iídiche). Ele registrou a tomada da cidade pelo exército alemão de seus ocupantes soviéticos, descrevendo o confinamento dos 55 mil judeus de Vilnius em dois guetos e documentando os primeiros relatos de massacres sistemáticos no subúrbio florestal de Ponar, onde, por fim, 70 mil judeus, 8 mil prisioneiros de guerra soviéticos e 2 mil intelectuais poloneses foram mortos a tiros ou metralhados por esquadrões de extermínio nazistas chamados de “einsatzgruppen” e voluntários lituanos.
Yitskhok foi assassinado em Ponary em outubro de 1943. Seu primo localizou o diário, escrito em iídiche, em um esconderijo em um sótão e o entregou ao poeta Abraham Sutzkever, que havia resgatado dezenas de livros, manuscritos e cartas valiosos da biblioteca original do YIVO em Vilna. O diário já foi exibido antes, em especial em uma tradução hebraica no Yad Vashem, em Israel, mas não em um texto completo em inglês e não com uma nova tradução de Solon Beinfeld.
Alexandra Zapruder, a co-curadora da exposição online, disse que o diário era notável dentre os 85 diários do Holocausto escritos por adolescentes judeus por sua eloquência juvenil. “Ele era um talento literário extraordinário,” disse ela. “Tendo lido dúzias de diários de adolescentes, poucos atingem esse nível de habilidade literária, domínio da linguagem e espírito de observação.”
O diário difere do de Anne Frank, disse Zapruder, porque detalha a ampla narrativa dos judeus de toda uma cidade, enquanto o isolamento de Anne com membros da família e outros em um “anexo secreto”, levou-a a cronizar essa experiência claustrofóbica.
A partir desta quarta, 17 de julho, o YIVO Institute for Jewish Research (Instituto YIVO de Pesquisa Judaica), na cidade de Nova York, disponibilizou o diário do adolescente Yitskhok Rudashevski, no seu “museu online” da história judaica. Para acessá-lo (em inglês), clique aqui.