23.07.24 | Mundo
“Pesquisa revela falta de legitimidade do Hamas mesmo antes da guerra”
Matéria de João Batista Natali, na Folha de S.Paulo desta terça (23) traz pesquisa apresentada em recente conferência na universidade britânica de Oxford pela pesquisadora Amaney Jamal que revelam dados sobre a vida na Faixa de Gaza antes da guerra. Amaney Jamal leciona na universidade americana de Princeton e foi uma das criadoras, em 2005, de um instituto de pesquisa de opinião pública (arabbarometer.org) – é primeira instituição do gênero com levantamentos simultâneos em 16 países árabes.
De acordo com os dados da pesquisa intitulada "O que os habitantes de Gaza pensavam antes e depois do 7 de outubro", 68% dos palestinos não tinham certeza de que teriam em casa o suficiente para se alimentar; o medo de passar fome chegava a 78% da população - há três anos eram bem menos, 51%, mas desde então a situação piorou, com desemprego e inflação.
Um dos itens da pesquisa referente ao grau de confiança dos palestinos em relação aos dirigentes de suas regiões revela que só 29% dos moradores de Gaza confiavam no Hamas. Entre os palestinos da Cisjordânia apenas 17% confiavam na Autoridade Nacional Palestina (ANP).
A pesquisa conclui que há uma falta de legitimidade dos governantes. A ANP se instalou em 1993 em Ramallah e, desde então, não convocou eleições que testassem seu apoio popular. O mesmo acontece com o Hamas, que ganhou em 2006 o pleito em Gaza, mas em seguida descumpriu a promessa de avaliar sua popularidade por meio de uma volta às urnas.
De acordo com a pesquisa, os governantes, tanto de Gaza, como da Cisjordânia, são vistos como corruptos. Entre os primeiros a corrupção era um notório atributo para 57% dos palestinos, enquanto entre os segundos o problema foi apontado por 72% dos locais.
Sobre a solução de dois Estados – um israelense e outro palestino -, a pesquisa não cita números, mas afirma que os habitantes de Gaza e da Cisjordânia são majoritariamente favoráveis a essa iniciativa.
A normalização é mais rejeitada na Cisjordânia do que em Gaza, de acordo com a pesquisa. Ou seja, a tese é relativamente menos aceita entre os palestinos que são administrados pelo Hamas, grupo terrorista que possui como projeto a destruição de Israel.
O Hamas exerce menos liderança sobre os seus que o grupo da Autoridade Nacional Palestina, que já reconheceu a existência de Israel e defende a solução de dois Estados.