12.09.24 | Brasil
“Atuar profissionalmente junto com o trabalho voluntário me trouxe riqueza de conhecimentos e maior engajamento na comunidade”, diz Evelise Ochman
Em entrevista à CONIB, a publicitária, jornalista, diretora da E.Ochman Comunicações, embaixadora ECO (CONIB) e presidente da Ezer Mizion Brasil, o maior banco judaico de medula óssea, Evelise Ochman fala sobre suas múltiplas atividades, sua trajetória na comunidade e suas inspirações. “Para mim, atividade profissional e trabalho comunitário são perfeitamente compatíveis e acho que atuam simultaneamente nessas áreas foi o que me trouxe toda essa riqueza de conhecimento e engajamento na comunidade”, diz ela.
Trajetória na comunidade
Comecei muito cedo, aos 18-19 anos. Eu venho de uma família que tem um histórico de trabalho comunitário. Meu avô teve grande atuação como voluntária na comunidade, em Porto Alegre, e meu pai acelerou o mesmo caminho também na cidade de Porto Alegre. Creio que, no meu caso, também conto a influência de amigos que, na adolescência, me convidaram para participar das mais diversas ações. Mas a seleção dessas escolhas é algo de cada um.
E eu comecei minha trajetória no Fundo Comunitário, em Porto Alegre, num grupo jovem. E foi aí que o bichinho (da atuação comunitária) me pegou muito rápido. O sionismo é algo muito forte no meu DNA e a partir da participação nesse grupo de jovens me engajei em vários projetos.
Atuação na área de eventos
Essa é minha formação profissional. Sou publicitário e jornalista de formação, nunca trabalhei em agências e sempre atuei nessa área de eventos. Nos anos de 1980 não chamávamos essa atividade de eventos e, sim, de festas. Eu exatamente comecei nessa época organizando shows, exposições, fiz curadoria na área de moda e também na área de decoração.
Mas eu sempre estive focado em como trazer minha experiência profissional para dentro da comunidade e usar todo esse material e conhecimento para aplicá-lo dentro da comunidade. E sempre procurei fazer isso de forma profissional. Sempre vi meu trabalho como algo complementar à minha atuação na comunidade, e nunca como algo separado. Sempre vi duas coisas de forma compatível e penso que sempre podemos conciliar atividade profissional e atuação comunitária. E acho que foi isso que me trouxe toda essa riqueza de conhecimento e de engajamento na comunidade.
Ezer Mizion Brasil
Esse é um trabalho que me dá o maior prazer. O Ezer Mizion Brasil é o maior banco judaico de medula óssea. Ele foi criado diante de uma necessidade que os judeus tinham quando precisavam de um transplante. Isso justamente porque nosso DNA não é comum e de difícil compatibilidade. Então o que acontecia é que muitas pessoas da comunidade acabaram morrendo por causa da dificuldade em achar um doador compatível.
Há uns 25 anos mais ou menos, diante da necessidade de uma pessoa lá fora (no exterior), foi criada esse banco e a partir daí ele foi se expandindo e já salvou mais de cinco mil vidas em todo o mundo.
Então, quando muita gente me pergunta se esse banco é só para judeus e para Israel, eu respondo que é para todos aqueles que precisam de um transplante de medula. E digo o mesmo quando me perguntam se o banco também pode salvar a vida de quem não é judeu.
Embora o banco tenha sido criado em função da necessidade da comunidade judaica, ele não funciona apenas para os judeus. Desde sua criação, o banco cresceu muito, principalmente com a inclusão de cadastros feitos a partir de testes obrigatórios de soldados israelenses que se alistavam a cada ano. Essa foi a forma encontrada para disponibilizarmos inúmeras opções com essa variedade de cadastros. Hoje atendemos árabes, palestinos e todos aqueles que encontrarem em nosso banco um doador compatível poderão se beneficiar com a doação de medula.
Como enviar ECO (CONIB)
Esse é um privilégio! É mais um dos privilégios de fazer um trabalho voluntário. E o ECO surgiu de uma necessidade que sentimos de fazer um trabalho sério, direcionado, que atue no combate ao antissemitismo, à deslegitimação do Estado de Israel e à negação do Holocausto. Mais do que nunca esses temas são pautados de todos e o ECO tem trabalhado insistentemente nessas três questões de uma maneira leve, de forma que possamos trazer informações para o maior número de pessoas. Percebemos que na maior parte das vezes questões como preconceito e antissemitismo, ou deslegitimação de Israel e negação do Holocausto persistem por falta de informação.
E esse é o grande papel das embaixadoras da ECO: levar informação, especialmente para pessoas de fora da comunidade, independentemente da sua situação social, cultural ou religiosa, porque vemos que a falta de informação é um problema recorrente. Esse é o nosso grande desafio!
Devo ser 'presente' ao Claudio Lottenberg, que foi quem criou esse grupo num dos momentos mais difíceis de nossa história, com os ataques de 7 de outubro do Hamas a Israel.
Inspiração
elyE eu diria que o que me inspira é o envolvimento com toda essa questão judaica. Acho que eu não saberia viver sem me voluntariar nesse setor. Acho que eu tive muita sorte em ter buscado inspiração em pessoas de várias gerações, entre elas Sulamita Tabacof e Nely Bobrow, mulheres que me deram asas e me ensinaram a voar. Nessa geração atual tenho como inspiração o Claudio (Lottenberg), porque aprendi com ele que para sermos líderes atuantes precisamos ser bons equilibradores de pratos. Outra inspiração é Meyer Nigri, que sempre me desafiou e isso, para mim, foi muito positivo, porque me estimulou a me descobrir e ir atrás do que sou capaz. E da geração mais jovem, posso citar como inspiradores Rafael Nasser, presidente do Fundo Comunitário, e Rafael Feder, que é o nosso vice-presidente do banco de medula. São pessoas extraordinárias que me mostram todos os dias que não podemos parar.