01.07.22 |
Morre o ativista comunitário Marx Golgher, diretor da Federação Israelita de Minas Gerais
Faleceu em 8 de dezembro o ativista comunitá:rio mineiro Marx Golgher, diretor e conselheiro da Federaç:ã:o Israelita do Estado de Minas Gerais. Golgher foi um lí:der comunitá:rio dotado de notá:veis conhecimentos e sabedoria. Ele foi o doador do terreno onde foi construí:da a Escola Municipal Anne Frank, na periferia de Belo Horizonte. També:m sugeriu a criaç:ã:o do Bosque da Paz, onde alunos da escola plantam á:rvores em homenagem a pessoas que lutam ou lutaram pela paz no mundo. : O enterro foi realizado neste domingo, 9 de dezembro, no Cemité:rio Israelita de Belo Horizonte. A Confederaç:ã:o Israelita do Brasil presta suas homenagens e transmite condolê:ncias à: famí:lia. Leia abaixo o ú:ltimo artigo escrito por Marx Golgher, publicado no jornal O Estado de Minas, em 8 de dezembro de 2012. Uma espera de 65 anos ":Existem duas histó:rias paralelas sobre o conflito á:rabe-israelense. Uma a real, fundamentada em fatos e documentos: outra, um relato orwelliano de cunho ideoló:gico. Pela histó:ria, um dos momentos mais cruciais e significativos na realidade foi a partilha da Palestina, decidida pela Resoluç:ã:o 181 da Assembleia Geral da ONU, de 29 de novembro de 1947. Nessa data, as Naç:õ:es Unidas cassavam o mandato britâ:nico sobre a Palestina, criando em seu lugar dois Estados nacionais independentes, um para 1,2 milhã:o de habitantes á:rabes, outro para 650 mil habitantes judeus, coexistindo pacificamente, segundo o direito de autodeterminaç:ã:o dos povos. Se é: assim, por que até: hoje nã:o existe o Estado á:rabe palestino? O que significou a Partilha de 1947, se o presidente da Autoridade Palestina vem 65 anos depois considerar uma vitó:ria o fato de a Assembleia da ONU ter aprovado a Cisjordâ:nia e Gaza na condiç:ã:o de Estado observador, quando poderia ser membro efetivo há: muito tempo, como é: o caso de Israel? O que era o mandato cassado pela ONU? O mandato foi outorgado em 1922 pela Liga das Naç:õ:es, antecessora da ONU, ao impé:rio britâ:nico, com o fito de criar um lar nacional judeu na Palestina. Foi cassado há: 65 anos, pela maioria absoluta de 33 votos, inclusive os do bloco da Uniã:o Sovié:tica e dos Estados Unidos, que pela primeira vez votavam juntos na ONU. O que nã:o pode ser esquecido é: que uma vez vencidos e expulsos os turcos do Oriente Mé:dio, o impé:rio britâ:nico tratou na Palestina de jogar á:rabes contra judeus, dentro do principio bá:sico de polí:tica colonialista de ":dividir para dominar":. Assim, se judeus e á:rabes viveram 400 anos, de 1517-1917, sob impé:rio turco em relativa coexistê:ncia pacifica, em apenas alguns anos de mandato ocorreram graves pogroms de judeus. A começ:ar em Jerusalé:m, em abril de 1922, nas celebraç:õ:es islâ:micas de Abu Mussa, com mortos e centenas de feridos. Incidente que chocou muito os habitantes judeus, dada a cumplicidade da potê:ncia mandatá:ria com o Islã: radical. O que estimulou outros ataques aos judeus em Hebron, Safed e Jaffa, contando com a omissã:o britâ:nica. Como na Í:ndia, onde os britâ:nicos jogaram hindus contra muç:ulmanos, gerando uma aversã:o entre uns e outros, na Palestina conseguiram o mesmo ê:xito colonialista ao jogar á:rabes contra judeus. A situaç:ã:o só: se alterou no processo de descolonizaç:ã:o no pó:s-Segunda Guerra Mundial (1939-1945), no rastro da derrota do nazifascimo, que fomentou o sentimento universal a favor de libertaç:ã:o dos povos contra a opressã:o colonialista. A rebeliã:o judaica da Palestina induziu o impé:rio britâ:nico a procurar a ONU para emendar o mandato para reprimi-la. Mas em vez de acolher o pedido de Londres, a ONU formou a Comissã:o Especial das Naç:õ:es Unidas da Palestina (Unscop, em inglê:s) sobre ":O futuro governo da Palestina":, que acabou por ser aprovada em 29/11/1947. Mas cadê: o Estado palestino? O cerne dessa carê:ncia reside no fato de que o mundo islâ:mico nã:o acolheu a partilha e, ironicamente, tachando-a de comunista, pelo empenho da Uniã:o Sovié:tica em apoiá:-la, promoveu em 15 de maio de 1948 a invasã:o da Palestina pelos exé:rcitos bem-equipados do Egito, Transjordâ:nia (Jordâ:nia), Sí:ria, Iraque e Ará:bia Saudita, representando uma populaç:ã:o de 40 milhõ:es de habitantes. O ostensivo objetivo desse ataque foi ":jogar os 650 mil judeus ao mar":. Israel resistiu à: invasã:o, com pesadas baixas, 6 mil mortos, 1% da populaç:ã:o, graç:as ainda ao bloco sovié:tico, que forneceu armas a Israel, quebrando o embargo de armas imposto pelos EUA. O maior prejudicado com a invasã:o foi o povo palestino, que teve a Cisjordâ:nia anexada pela Transjordâ:nia, e Gaza ocupada pelo Egito até: 1967. Foram 20 anos perdidos na criaç:ã:o do Estado palestino. Depois de 65 anos, é: hilariante ver o PC do B, PSOL, PSTU e PT de braç:os dados com o Islã: radical a gritar que Israel deve ser destruí:do, como se fosse uma das coisas mais importantes para o operá:rio brasileiro":. Marx Golgher Marx Golgher. Foto: Fisemg.