01.07.22 |

Polônia ameaça rever permissão para estudantes israelenses visitarem antigos campos de concentração no país 

O vice-ministro polonês das Relações Exteriores, Pawel Jablonski, anunciou nesta segunda-feira que a Polônia vai reavaliar as visitas que escolas israelenses promovem anualmente a antigos campos de concentração na Polônia, destacando que o país tomará 'decisões apropriadas' sobre a questão, de acordo com matéria da Reuters e de Tzvi Joffre, no Jerusalem Post. O anúncio foi feito em entrevista ao Programa III da Rádio Polskie, citado na matéria, em meio a divergências com Israel por causa da adoção de lei polonesa que impede a restituição de propriedades a herdeiros judeus confiscadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial Referindo-se ao que chamou de discurso anti-Polônia em Israel, Jablonski afirmou que 'há muitas razões para reavaliar esta situação, uma delas é certamente a maneira como a juventude israelense é educada e criada'. 'Esta propaganda, também baseada no ódio à Polónia, é despejada na cabeça dos jovens desde a mais tenra idade escolar', disse Jablonski, acrescentando que a forma como atualmente ocorrem as visitas aos campos de concentração por estudantes 'claramente não é a maneira certa'. 'Estamos revendo isso e tomaremos decisões sobre essa questão', disse vice-chanceler polonês, acrescentando que o público será informado sobre os passos do governo nos próximos dias. Jablonski afirmou que as declarações de Lapid de que 'longe vão os dias em que os poloneses faziam mal aos judeus sem uma resposta' se alimentam da ignorância histórica e incitam o ódio contra os poloneses e a Polônia. O vice-ministro também lamentou o que disse ser uma situação em que a Polônia deseja essas boas relações com Israel, mas não é correspondida. Amos Hermon, CEO da Israel Experience, um dos organizadores das viagens de estudantes de Israel e da Diáspora à Polónia, respondeu aos comentários do governante, sublinhando que 'as visitas ao país contribuem para fortalecer a identidade, o conhecimento histórico, a memória e as lições do Holocausto de jovens judeus israelenses e de outros países'. 'Visitar os campos de extermínio é importante para quem quer aprender sobre o Holocausto e permite conhecer a Polônia de hoje e se encontrar com os poloneses enquanto os visitantes vivenciam uma experiência insubstituível'. 'É de fundamental importância manter este projeto para as gerações futuras', disse Hermon. 'Não devemos misturar o debate histórico existente em Israel sobre a importância de viajar para a Polônia com o agravamento das relações entre os dois Estados em torno da aprovação da lei polonesa sobre propriedades confiscadas', destacou. O embaixador da Polônia em Israel foi chamado de volta, disse o Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira, em mais um sinal da deterioração das relações entre os países. No sábado, o presidente da Polônia sancionou um projeto de lei que impede a possibilidade de judeus de recuperar propriedades confiscadas pelos nazistas e retidas pelos governantes comunistas do pós-guerra, no que o ministro israelense das Relações Exteriores, Yair Lapid, chamou de 'imoral e antissemita'. Lapid disse que o chefe da embaixada de Israel em Varsóvia foi imediatamente chamado de volta. Em outro episódio, um tribunal de apelações decidiu nesta segunda-feira que dois historiadores acusados de manchar a memória de um polonês em livro sobre o Holocausto não precisam se desculpar, anulando uma decisão de um tribunal inferior que levantou temores sobre a liberdade de pesquisa acadêmica, de acordo com reportagem de Anna Wlodarczak-Semczuk e Alan Charlish, da Reuters. Em fevereiro, um tribunal de Varsóvia decidiu que Barbara Engelking e Jan Grabowski, editores de 'Noite sem fim: O destino dos judeus em condados selecionados da Polônia ocupada', deveriam se desculpar por dizer que o aldeão Edward Malinowski entregou judeus aos alemães nazistas. Alguns acadêmicos disseram na ocasião que a decisão poderia impedir uma pesquisa imparcial sobre as ações de poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Grabowski disse à Reuters que a decisão desta segunda-feira foi 'importante não apenas para mim e meus colegas, mas para todos os historiadores da Polônia'.

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