01.07.22 |
Roberto Alvim é demitido da Secretaria Especial da Cultura
A Secretaria Especial da Cultura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o secretário Roberto Alvim será demitido do cargo após parafrasear um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista, sobre arte. O recado foi transmitido na manhã desta sexta (17) após repercussão do caso e manifestação pública da classe política. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Ramos, telefonou para líderes do Congresso e avisou que o porta-voz da Presidência, general Rego Barros, deve anunciar a demissão. Pouco antes, o secretário de Cultura, Roberto Alvim, afirmou ao Estado ter 'convencido' o presidente Jair Bolsonaro de que a citação de uma frase similar a do propagandista do nazismo, Joseph Goebbels, em um discurso nas redes sociais, foi uma 'coincidência retórica'. Apesar de reconhecer a associação e afirmar repudiar o regime de Adolf Hitler, Alvim disse concordar com o conteúdo da frase. 'A origem é espúria, mas as ideias contidas na frase são absolutamente perfeitas e eu assino embaixo', disse o secretário. Segundo Alvim, na conversa com Bolsonaro, o presidente lhe garantiu que não será demitido. Questionado sobre a opinião de Goebbels em relação à arte, Alvim diz repudiar o nazismo, mas admite proximidade com a 'filiação' que o propagandista tinha com a arte. 'A minha opinião sobre o regime nazista é a opinião de qualquer ser humano dotado de um mínimo de sanidade mental. Trata-se de um regime genocida. Tão genocida quanto o regime de (Joseph) Stalin, de Mao Tsé-Tung, portanto um regime absolutamente execrável. A filiação de Joseph Goebbels com a arte clássica e com o nacionalismo em arte é semelhante à minha e não se pode depreender daí uma concordância minha com toda a parte espúria do ideal nazista', afirmou ao Estado. Em vídeo em que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, Alvim cita textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels. 'A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada', diz Alvim no vídeo. 'A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada', disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich.